sábado, 24 de agosto de 2013

I Trail da Pampilhosa da Serra - 17 Agosto 2013

ou "O meu 1º Trail!"

ou "O maior empeno de sempre"

ou "A aventura na Pampilhosa"

****Ressalva: Este é um post longo, com poucas fotos (porque ainda não dominei a arte de tirar fotos e correr ao mesmo tempo) e está uma semana atrasado porque sou um caracol a escrever.****

Há pouco mais de 3 meses na minha lista de objectivos escrevia:

10 - Participar numa prova Trail
Este é um objectivo bem recente e que espero poder riscar bem em breve (até porque é fácil) . Nunca tinha pensado muito neste tipo de provas, gosto mais de correr "limpinho" e a um regime constante. Mas depois de ler os imensos relatos pela comunidade de bloggers fiquei com tanta vontade (leia-se inveja) que decidi que havia de experimentar (um bem curtinho que isso de escalar arribas parece difícil).

E realmente inscrever-me até foi fácil. Mal li o desafio da Anabela (Run Baby Run)começou a fervilhar o plano...

Há algum tempo que estava para ir visitar uns tios da minha adorada esposa que vivem no Candal, perto de Alvaiazere. Depois de muito estudar o mapa consegui convencer-me que ficava "relativamente" perto.Tinha assim uma excelente desculpa para carregar com toda a família estrada fora. Como vim depois a descobrir, 50km pela serra não é exactamente sinónimo de perto...

Como agora tenho a mania que corro longos km's, quando vi que o trail "só" tinha 19km achei que não seria problema. Na realidade até achei que era curto, uma vez que iria substituir o meu treino longo na preparação da maratona. Era tão verdinho...

A única coisa que acertei em relação ao objectivo é que me fartei de "escalar" montanha acima.

Mas voltemos à prova. Cheguei à Pampilhosa perto da hora de almoço. Depois de um curto passeio pela zona do Rio Unhais e de um mergulho na espectacular Praia Fluvial foi hora de assentar arraiais e fazer um piquenique com vista para a meta (a minha filha adora piqueniques).
A Praia Fluvial com a Meta lá ao fundo.
O tempo foi passando e comecei a ver algumas pessoas com tshirts técnicas a passear pelo local. Decidi ir equipar-me e foi a partir daqui que começou a sentir-se algum stress. No site da prova referiam que iria haver transporte para o local da partida, mas apenas para 50 atletas e por ordem de chegada. Eu não sabia quantos atletas estavam inscritos mas a julgar pela quantidade que estavam "descontraidamente" com o olhar fixo na porta da Câmara não agoirava nada de bom. Como seria de esperar, assim que se abriram as portas foi uma confusão. Fui calmamente para a "fila" porque não queria stressar só para chegar à partida, e lá consegui a senha para o autocarro. Como é óbvio não houve para toda a gente e vi alguns atletas que ficaram sonoramente chateados. Para mim este foi o ponto menos bom por parte da organização.
Descontraidamente de camelback na mão, e reparem, de costas para a porta :)
Já na entrada para o autocarro reparo num grupo de atletas estrategicamente sentados nos lugares do fundo. Reconheço o Carlos (Papa Kilometros) e vou meter conversa. A viagem até à barragem de Santa Lúzia, local da partida, foi espectacular. Deu logo para ver que o ambiente nesta provas é diferente e passei grande parte da viagem na conversa com outros atletas enquanto uma paisagem deslumbrante passava lá fora. Passámos por uma encosta com uma vista sobre o dique da barragem que parecia algo saído do Senhor dos Anéis.
A minha foto tirada dentro do autocarro em movimento não fazia justiça ao local pelo que decidi procurar na net
Chegados ao local da partida foi tempo de ir levantar o dorsal e fazer os últimos ajustes no equipamento. Entretanto tive o prazer de finalmente conhecer a Anabela, o Paul Michel e a restante equipa Run Baby Run.
A foto de grupo versão Sol
Fiquei tão distraído com a conversa que, quando pensei em ir fazer um aquecimento, já estavam a iniciar o briefing. Pensei, "Bom com este calor já devo estar suficientemente quente" e fiquei a ouvir. Não fazia ideia quantos atletas estavam inscritos mas reparei que não estava assim muita gente (pela classificação final terminaram 201), foi a prova com menos atletas em que participei.
O ambiente na partida
 Nisto são quase 17h e os atletas começam a juntar-se na partida. Reparo que o Carlos e os restantes membros do CAL estavam quase no fim do pelotão. Tendo em conta que são muito mais experientes nestas lides decido ir para junto deles e assim fazer o percurso contrário a todas as outras provas em que luto para me chegar mais à frente.
A esta foto decidi chamar: O Sorriso do Maçarico
Às 17h em ponto é dado o sinal de partida e lá começa a minha prova de trail... em alcatrão e a descer. Os primeiros metros são feitos a 4:20 e começamos a ultrapassar alguns atletas, mas não muitos. Ao passar sobre o dique da barragem existem umas escadas onde só passa um atleta de cada vez e somos forçados a parar, olho para traz e continuamos quase no fim do pelotão, "Epá isto é só pros" comento com o carlos. A seguir ao dique, e durante 2km entramos numa zona de carreiros praticamente plano (um mimo que não voltaremos a ter...). Nesta fase o Carlos embala e num zig zag frenético começa a ultrapassar outros atletas. Eu ainda tento segui-lo mas numa tentativa de ultrapassar um atleta coloco mal o pé e por pouco não o torço. Considero isto um sinal divino para ficar sossegado e lá continuo muito serenamente pelo carreiro.

Chegamos à primeira subida e ai começo a ultrapassar. Primeiro um, depois outro e mais outro, começo a ver gente a andar e penso, mas que raio isto até nem é assim tanto a subir. Aguento-me até ao km 3, olho para o relógio e vejo 186bpm. Se continuo neste ritmo não aguento, não deve ser fácil uma ambulância chegar aqui, será que têm helicóptero? Dou uma gargalhada seca e começo a andar.

Não paro no abastecimento, até porque levo a mochila, mas a subida é tão íngreme que não dá para correr. Desta vez sou eu que começo a ser ultrapassado, e entre eles está um senhor mais veterano e com uma tshirt do Sporting. Considero que o senhor deve ser experiente nesta coisa do Trail e durante os 2km que ainda faltavam na subida colo-me a ele. Quando ele andava eu andava, quando corria eu corria. O cimo nunca mais chegava e eu inocentemente ansiava pela descida...

E ela lá chegou, deixei o senhor para traz e ataquei a descida qual Killian do Alentejo (só uma nota, andei na semana anterior a ver a série de videos que o Killian Jonet fez com a Salamon, só para motivação). Durou 10 metros. Apanhei um susto porque as pernas não responderam como estava à espera e os 3km seguintes foram feitos sempre a travar. Nesta fase o meu mantra era: Não estou a amar isto. O raio da descida nunca mais acabava!

No final dos 3km de descida chegamos à aldeia de Cabril onde se encontra mais um abastecimento e onde volto a não parar. Tinha levado uns cubinhos de marmelada que fui comendo de 15 em 15 min depois da 1ª hora. Saímos da aldeia por um trilho irregular e as pernas voltam a falhar e quase torço novamente o pé. Começo a sentir-me muito cansado e só quero uma descida para "poder" andar.

Iniciamos mais uma "escalada", e passamos por um troço de alcatrão. Todos os meus instintos me dizem para correr mas estou demasiado fatigado e continuo a andar. A partir daqui sempre que o caminho sobe,  passo imediatamente para modo caminhada para tentar poupar as pernas para as descidas. Até ao km 14 continuamos neste sobe e desce quebra pernas, ora "Mas a p**** desta parede nunca mais acaba!" ora "ai, ai, ai perninhas não me falhem nesta descida!".

Nesta parte fico várias vezes "sozinho". Este era um do meus maiores receios em relação aos trails. Ao ler os vários  relatos de provas de trail na blogosfera, um tópico habitual é gente a perder-se e acabei por me deixar impressionar. Felizmente sempre que tive de tomar uma decisão o caminho estava muito bem assinalado e em vários pontos estavam pessoas da organização a indicar o caminho. Para mim este foi um ponto muito positivo da organização!

No km 14 mesmo antes de terminar a última subida encontro o terceiro e último abastecimento. Desta vez pego numa banana e numa garrafa de água (porque estava com medo de já ter pouca na mochila mas acabei por ficar quase com metade da água na mochila). E que bem me fez, o meu estômago aceitou bem e senti-me novamente com energia. Ficou a indicação para a maratona, vou levar bananas!

Infelizmente após o abastecimento muitos atletas jogaram as garrafas vazias para o chão. Até nas provas de estrada me faz alguma confusão deitar as garrafas para o chão, então aqui, no meio da serra não me pareceu mesmo nada bem. Como tinha a mochila enfiei a garrafa vazia num dos bolsos e segui caminho.

Os últimos 4km são sempre a descer até à Vila, onde perdemos mais de 360m de altitude! Uma das descidas é tão inclinada que tenho mesmo de parar com medo de ir parar ao chão, mesmo assim esse km é feito em 4:35, o mais rápido da prova.

A 2 km da meta entramos numa estrada de alcatrão. Será verdade? Será que vamos fazer 2km inteirinhos em alcatrão? Oh Júbilo! Mas a organização ainda tinha uma supresa, mesmo antes da recta da meta temos de descer umas escadas altas até à zona da praia fluvial. Estou com as pernas tão empenadas que tenho de utilizar os braços para as conseguir descer.

Os últimos metros são sobre a passadeira de madeira da praia fluvial e com a meta já à vista pareço que estou a voar. Vejo a minha filhota e a minha linda mulher e lá consigo por um sorriso para a foto.
A chegada e o apoio exuberante da Margarida
Mal passo a meta a minha única preocupação é encontrar um metro quadrado de relva para me sentar, tenho os pés em brasa (felizmente, agora, passada uma semana nenhuma unha decidiu mudar de cor :) ).
O sorriso é só para disfarçar... ainda procurava o coração que me tinha saído pela garganta...
Lá recupero o fôlego e antes de ir "desinflamar" para o rio ainda troco umas palavras com o Carlos.
A minha flor não me largava
A banhos no Unhais
Já mais recomposto fomos assistir à entrega de prémios e depois para a churrascada na traseira dos bombeiros. Aqui tive a prazer de poder conviver um pouco com a malta do Run Baby Run e do PapaKilometros, tudo malta muito positiva e bem disposta! Como já comentei a "socialização" foi um dos pontos altos desta prova. Como não estou em nenhum clube, acabo por ir às provas como "individual" e como normalmente não conheço ninguém assim que acabo de correr não há muito para fazer a não ser ir para casa. Fico sempre com a sensação que fica qualquer coisa a faltar. Na Pampilhosa deu para conviver o que de alguma forma me fez sentir a prova mais completa. O meu obrigado à Anabela e ao Paul Michel pela forma simpática com que nos receberam na Pampilhosa.

No dia seguinte tinha um andar "estranho" e subir escadas era um tormento. Foi tal o empeno que quase uma semana depois ainda não tinha recuperado totalmente os músculos das pernas. O tempo costuma suavizar as coisas mas acho que nem na minha primeira meia maratona fiquei assim tão empenado.

O meu objectivo era mesmo terminar uma prova de Trail e sentir as emoções de correr na natureza, dando o meu máximo, pelo que o tempo e a posição era completamente secundário. Mas fiz a prova com um tempo oficial de 1h59m18s o que deu o 87º lugar na classificação geral (terminaram a prova 201 atletas). Foi uma experiência muito positiva que quero repetir. No entanto, também me fez ver que a minha forma actual, muito focada na maratona, não se adequa a este tipo de prova.

A última frase vai para a minha família, nomeadamente a minha luminosa Inês que atura com um sorriso estes meus "devaneios".

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Resumo Mensal - Julho 2013

Embora já estejamos a meio do mês, devido ao período estival, ainda não tinha tido oportunidade de escrever o habitual resumo mensal.

Julho foi dedicado exclusivamente à preparação para a maratona. Não participei em nenhuma prova o que facilitou a ter não ter "distracções" ao cumprimento do plano.

Foi o mês dos records. A cada sábado, no treino longo, era consecutivamente batido o meu record de distância e duração (22km, 24km, 26km e 28km). Como seria de esperar no final do mês a distância acumulada era também um novo record mensal com 276km.

Fui tentando manter as outras actividades físicas mas cada vez mais a minha mente está focada na maratona e com pouca motivação para andar pelas máquinas do ginásio.
Em termos de corrida os números foram:
Treinos: 18
Distância: 276km
Tempo: 23:33:43s
Passo Médio: 5:05 min/km
Ganho de Elevação: 1263m
Frequência Cardiaca Média: 158 bpm
Calorias: 19203 cal

Como já referi noutros posts, os treinos longos passaram a ser os meus favoritos. Acordar ainda antes do nascer do Sol e ir correr quando a cidade ainda dorme. Tenho aprendido bastante com estes treinos, sobre o meu corpo e sobre a minha mente. 

Uma das funcionalidades do meu relógio (Suunto Quest) é medir o EPOC (Excess PostExercise Oxygen Consumption) que de uma forma simples representa a taxa de esforço do exercício. Quanto mais intenso é o exercício mais rapidamente cresce e quanto mais cresce significa que mais cansado estou. Num treino normal (por exemplo 1h ritmado) esta métrica cresce progressivamente alcançado o máximo no final do treino. Mas nestes treinos longos ocorre um fenómeno diferente. O EPOC cresce até aproximadamente aos 50min e depois estabiliza e começa a diminuir. Não percebo muito de fisiologia mas penso que esteja relacionado com o facto de o corpo entrar num regime mais aeróbico. Também reparo que é a partir deste ponto que começa a custar menos manter o ritmo e a corrida fica mais fácil. Para o final do treino a métrica volta a crescer e fisicamente começo a sentir-me cansado.
Evolução do EPOC no treino longo de 29km (2h34)
Peço desculpa por todo este texto mas é um "mal" de formação (sou engenheiro). Analisar exaustivamente todos os dados disponíveis, fazer gráficos e perceber o porquê por detrás deles é para mim uma funcionalidade "de origem" :)

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

1000km...Check!

Acabei de regressar de duas semanas de férias (do trabalho não dos treinos que o contador continua a diminuir) e ainda estou a "arrumar" a casa, mas queria partilhar a realização de mais um dos meus objectivos. No passado dia 9 de Agosto, ao completar mais um treino longo de 30km, fiz o km 1000 em 2013.Pela primeira vez, desde que registo as minhas corridas, corri 1000km no mesmo ano, e ainda estamos em Agosto.


 A verdade é que quando defini este objectivo não estava a planear preparar uma maratona. No inicio do ano numa semana típica corria em média menos de 30km, pelo que para cumprir o objectivo tinha de o fazer praticamente todas as semanas do ano. Nas últimas semanas essa tem sido a distância de um treino (do longo). Só o plano de preparação para a maratona, em 4 meses, prevê correr mais de1000km.

Quando comecei a correr o foco era a velocidade. Correr os 10km o mais rápido que o meu coração conseguisse alcançar. Com a preparação para a maratona passei a adorar correr distância, a um ritmo confortável, sem aquela sensação que os pulmões vão colapsar a qualquer momento.

E já que estou a falar de objectivos, no próximo sábado vou riscar mais um da minha lista. Vou participar numa prova de trail.
Tinha pensado só o fazer depois da maratona e possivelmente um mais ligeiro, mas surgiu a oportunidade e decidi inscrever-me . Estou muito entusiasmado com a ida à Pampilhosa até porque vou ter a oportunidade de conhecer alguns atletas da blogosfera.