segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

21ª Corrida do Monge - 17 Novembro 2013

Mais uma prova de trail e mais um valente empeno...

Desde que comecei a ler blogues de corrida (o que fez começar a  fervilhar a ideia de fazer trails) que tinha em mente correr a Corrida do Monge. Por ser perto, por ser curto, tinha as características ideais (pensava eu) para me iniciar no mundo do Trail. Acabei por fazer a iniciação ao trail um pouco mais cedo na Pampilhosa da Serra, mas a prova de Domingo foi uma perspectiva completamente diferente.
A foto para a posteridade, desta vez antes da prova.
Depois de uma semana sem correr por causa do entorce no pé, a semana anterior à prova optei por me controlar e ficar-me pelo alcatrão e pela passadeira de forma a não fazer nenhuma asneira que pudesse comprometer a tão esperada Corrida do Monge.

No Domingo foi dia de acordar cedinho e carregar com toda a família para a Malveira da Serra. Chegámos cedo e o processo de levantar o dorsal foi instantaneo, sem esperas, sem stress e sem tecnologia. Um simples dorsal com um código de barras. Foi este o mote para toda a logística da prova: simples e eficiente.

Às 10h30 é dada a partida e começa a aventura. Esta prova tem provavelmente o início mais brutal de todas as corridas que já fiz. São 4,5km de subida praticamente contínua com um D+ de 340m, sempre em terreno "corrivel". Praticamente desde o início que se viam atletas a andar, mas eu teimei em correr quase até ao fim da subida, ultrapassando imensos pelo caminho.
A partida: onde está o WallyRui?
Chegámos ao primeiro abastecimento e aqui surge a minha única critica à organização. Estavam a distribuir garrafas de plástico mas não havia (ou pelo menos não os vi) sítios para as recolher. Ainda pensei em levá-la nos calções, mas o mais certo era ir cair a meio do percurso o que era ainda pior. Optei por colocá-la no chão ao lado do voluntário, ao menos estava fácilmente acessivel.

No abastecimento ia ao lado de uma senhora que o voluntário teve a gentileza de dizer que era a 6ª classificada. E porque é que estou a partilhar esta informação aparentemente irrelevante? Já vão perceber.

O pelotão ainda compacto a meio da subida.
Tudo o que sobe tem de descer e a Serra de Sintra não é exepção. Mal passámos o topo da subida entrámos em trilhos propriamente ditos que nos acompanharam até praticamente ao 10km. E aqui começa a adrenalina e a grande diferença para a minha outra experiência em trail. Na Pampilhosa também havia grandes descidas, mas o caminho era maioritariamente estradões de terra. Aqui o terreno era muito irregular, cheio de raizes, pedras e socalcos que formavam por vezes uma espécie de degraus infernais.
Foto do FB da Sirjim. Não sou eu mas é para ficar com recordação dos "degraus".
Eu bem tentei acompanhar mas aos primeiros avisos do meu tornozelo, diminui a intensidade e passei para o modo super cuidadoso. Já não bastava ir cheio de medo que o pé me falhasse, mas comecei a sentir gente atrás de mim, sempre a pressionar e literalmente a voar-me por cima sempre que existia a minima oportunidade. Muitos deles reconheci-os, tinha-os passado na subida quando já iam a passo. Detesto sentir-me pressionado, tenho sempre a sensação que estou a estorvar. Ainda me sentia pior quando eram senhoras que estavam atrás, porque sabia que estavam a lutar pelo TOP10 e respectivo prémio. Tentava sempre ceder passagem mas nem sempre era fácil fazê-lo em segurança.
Foto do FB da Sirjim. Não sou eu. Na minha escala o nivel técnico desta prova: Bem acima das minhas capacidades.
O percurso eram lindíssimo, se bem que "senti" mais do que efectivamente "vi", porque os olhos não podiam sair do metro quadrado de chão à minha frente. Se não fosse o constante receio de lesão teria aproveitado muito mais. Só me vinha à cabeça o treino que fiz em Monsanto, só que numa escala gigante. Já ansiava pela famosa rampa para poder finalmente relaxar um pouco.

E ela lá chegou, e que "bela" subida. A parte mais interessante era a forma sádica com que brindava os iniciantes que como eu a "corriam" pela primeira vez. A cada segmento de inclinação absurda surgiam uns metros planos que permitiam correr, e nos faziam crer que o pior já tinha passado, apenas para nos depararmos a seguir com outra parede para escalar. Mais uma vez me veio à cabeça a imagem dos carrinhos de corda da infância: aperta, aperta, aperta para depois gastar toda a energia potencial numa corrida louca.

Após a conquista do monte foi tempo de iniciar a descida para a Meta. Rápidamente os trilhos deram lugar a estradões e depois a empedrado. Oh bendito empedrado que por esta altura parecia um piso super regular. Aqui mais confiante, com a inclinação a meu favor dei largas às pernas e cheguei a Janes com as endorfinas a bombar.

Episódio caricato mesmo a terminar. Vejo a minha família perto da meta e preparo-me para o habitual sorriso quando sou albarroado por um atleta (que tinha passado na descida vertiginosa) que quer ultrapassar-me violentamente. Já me tinha acontecido algo semelhante no troféu das localidades, mas aí cada posição valia pontos e para quem estava a competir por equipas podia ser relevante. Neste caso não. Queria aqui felicitar o sr. 536 pelo seu espectacular 195º lugar que nada tem a haver com o meu decepcionante 196º.
Mais uma vez obrigado ao Sr. 536 por este momento sem o qual este post não teria a mesma piada.
 Depois foi receber o saco com as lembranças e o famoso pão com chouriço. Tinha lido que haveria balneários disponiveis e decidi proveitar. Balneários talvez seja uma palavra demasiado complexa para descrever o local, mas permitiu limpar o corpo com um revigorante duche de água fria. Obviamente que isto sou só eu, menino de ginásio, que não está habituado à dureza da corrida em montanha.

Gostei imenso desta prova e quero muito cá voltar, de preferência sem o "medo" dos problemas físicos.

14 comentários:

  1. 11 kms bem duros esses, mas valeu a pena ... As paisagens são lindas.

    Bons treinos!

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    1. Valeu bem a pena! Só me deixou com vontade de fazer mais e mais longos trails.
      Boas corridas!

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  2. Rui, aqui entre nós e baixinho que ninguém nos lê: o trail da Pampilhosa ao pé disto é para meninos!! A dureza deste trail é francamente maior. E alguns trilhos (descidas) eram difíceis para quem não tem experiência como é o meu caso. Daí o meu esbardalhanço ao km8!! Foi uma estreia! Algum dia teria de ser!
    Ainda bem que gostaste! Eu também gostei muito!
    Bons treinos! Ou deverei dizer: boa muda de fraldas?! :))

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    1. Olá Anabela, acho que só não fui ao chão porque reduzi bem a velocidade por causa do pé. Mesmo assim ainda fiquei com as mãos arranhadas de me agarrar às arvores.
      As fraldas vão a bom ritmo, ao contrário da minha escrita. Até pelos meus padrões este post está muito atrasado.
      Boas Corridas!

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  3. Parbéns por este "poste", gostei muito e fez-me lembrar o meu Trail da Senhora da Mó em Arouca...só não fui atropelado no fim, mas estive numa luta acesa no fim com um atleta de negro que me ganhou pq parei quando avistei a minha família :)...estas provas do Campeonato Nacional de Montanha são duríssimas....e o Filipe anda a chatear a malta do CAL para formar uma equipa para a próxima época...e eu ando a ponderar entrar para atrasar o encerramento das provas :)
    As descidas são terríveis não são? Eu deixo passar toda a gente....o meu joelho (e talvez alguma falta de "tomates") não dá para muito mais.
    Um dia destes faço essa do "Monge"...
    Abraço

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    1. Carlos, claramente o problema é o teu joelho, como para mim o problema é o pé ;) Acho que para o ano vou passar a vigiar com mais atenção estas provas e pelo menos a escalada do Mendro quero ir!
      E quando quiseres vir aqui ao Sul teremos todo o gosto em te receber!
      Um abraço e boas corridas!

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  4. Para quem está com receios físicos, esta prova é muito técnica...

    Parabéns por mais esta!

    Um abraço

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    1. Pois é João! Fui mesmo ao desconhecido. Não estava à espera que fosse tão tecnica. A unica prova de trail que tinha feito foi bem menos técnica.
      Pelo menos fiquei com uma nova bitola e felizmente correu tudo bem!
      Um abraço e boas corridas!

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  5. Há cromos desses em estrada, agora no trail não tinha conhecimento... Rui vamos ao trail de Bucelas? ;)

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    1. Provavelmente a culpa foi em parte minha, entre o fim a subir e o pousar para a foto devo ter abrandado muito o ritmo.
      Em relação a Bucelas... INSCRITO!! 25km!! :) Assim não da para estar a pensar e repensar se devo ou não ir. Obrigado pela dica no FB.
      Um abraço e boas corridas!

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  6. Eu acho que as pessoas vão para o Monge ao engano... pensam que são "só" 11km e esquecem-se do resto! :) Não é uma prova fácil, mas assim é que vale a pena.
    Bjs e boa recuperação

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    1. Rute, eu fui completamente ao engano! Acabei por não pôr no post, mas estive muito indeciso entre o Monge e Casainhos e estava mais inclinado para este por "ser mais longo"... Deixei passar a data e acabei por me inscrever no Monge. Provavelmente com o pé assim se soubesse não me tinha metido à aventura. Foram "só" 11km (o gps deu quase 12...) mas muito duros e DIVERTIDOS!
      Boa recuperação também para ti!

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  7. Ainda não tenho muita experiência em trails, mas já me tinham disto que esta prova apesar de curta é bem durinha comparada com outras. E é muito técnica, é quase um milagre conseguimos chegar à meta sem uma queda ou um pé torcido.

    Beijinhos e continuação de boas corridas.

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    1. Principalmente se levarmos os "slicks" de estrada! ;) Para mim, para aí na zona das pontes, deixou de me parecer curta...
      Bjnhs e boas corridas!

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